Líderes que transformam: Marcos Bueno de Oliveira, 34 anos a serviço da TI

março 26, 2020
Experiências na indústria automotiva, de mineração, óleo e gás, serviços, varejo e agronegócio dão ao gestor uma visão ampla sobre os desafios e oportunidades da transformação digital no Brasil “A TI sempre está se transformando, inovando, ou se adequando às constantes necessidades do negócio”. A frase de Marcos Bueno de Oliveira resume seus 34 anos […]

Experiências na indústria automotiva, de mineração, óleo e gás, serviços, varejo e agronegócio dão ao gestor uma visão ampla sobre os desafios e oportunidades da transformação digital no Brasil

“A TI sempre está se transformando, inovando, ou se adequando às constantes necessidades do negócio”. A frase de Marcos Bueno de Oliveira resume seus 34 anos de atuação em departamentos de tecnologia dos mais diversos setores, sempre envolvido com projetos de transformação digital. Tanta experiência trouxe ao hoje consultor e membro do conselho da Associação Brasileira de Líderes em Tecnologia e Inovação (ABLTI) uma visão peculiar sobre a aplicação e a evolução da TI na indústria brasileira.

Oliveira começou a carreira na Electronic Data Systems (EDS), fazendo outsourcing para a General Motors, ou seja, na indústria automotiva. Foi nela também que assumiu o primeiro cargo de gestão. Na Johnson Controls, chegou a head de TI para a América do Sul. Passou, ainda, pelo setor de óleo e gás (Cameron), serviços e varejo (Thyssenkrupp e Sky Brasil), mineração (Taboca) e, mais recentemente, agronegócio (Nufarm e Cibra).

Em entrevista exclusiva ao Blog da 2S, garantiu que um dos seus maiores propósitos atualmente é ajudar empresas a promover inovação.

Leia abaixo os melhores momentos do bate-papo:

Como a tecnologia nas empresas mudou desde que você começou sua carreira?

Marcos Bueno: Muita coisa mudou de 1986 até 2020. Iniciei [a carreira] usando cartões perfurados. Isso mesmo, havia a perfuração de cartões, a compilação, armazenamento em disk packs, panelões (somente os mais experientes entenderão), e hoje falamos em cloud. Para se ter ideia, um grande cliente armazenava dados num disk pack hoje infinitamente menor [em armazenamento] do que um pen drive. Mas o conceito, a tecnologia, mudou. Antes tirávamos fotos, comprávamos filmes de 12, 24, 36 poses, e quando acabava o filme, tirávamos da máquina e procurávamos um lugar para revelar as fotos. Alguma foto queimava, e você voltava para casa com 11, 23 ou 35 fotos para fazer um álbum! Hoje se tem duas, cinco, dez mil fotos no celular, nenhuma impressa. Mas não mudou o desejo de querer a facilidade, a otimização, a segurança de ter um backup em caso de falta. Enfim, mudou muita coisa, mas o central não.

E o que essas mudanças significaram para a sua carreira?

Bueno: Significaram muito, pois houve a necessidade de me atualizar. Sempre estive em grandes empresas que estavam na ponta da tecnologia: EDS, Johnson Controls, Thyssenkrupp, SKY, Taboca e Nufarm me trouxeram bagagem e oportunidade de atualização naturalmente. Estava na EDS quando da saída dos mainframes para o microcomputador, depois o início da internet, o boom da Microsoft, o advento do ano 2000. Essas mudanças trouxeram “musculatura”, experiência para implementação de diversos ERPs e, depois, serviços em nuvem, mudança na prestação de serviços SaaS. E agora esse mundo maravilhoso de big data, BI, analytics, cloud, entre outros.

O que a transformação digital significa para você, depois de tanto tempo trabalhando com TI?

Bueno: A transformação que houve em TI nos últimos anos já passou por algumas “waves” [ondas]. Antes a TI era considerada suporte ao negócio, depois passou a ser parceira, e hoje é um misto de tudo, dependendo da visão estratégica e de como cada empresa encara. Falar que hoje precisamos de uma “transformação digital” é mais linguajar, pois a TI sempre está se transformando, inovando, ou se adequando às constantes necessidades do negócio.

Como a transformação digital está afetando o agronegócio e a agroindústria, último setor pelo qual você passou, e o que podemos esperar do futuro?

Bueno: Muito positivamente, ninguém tem dúvida disso. A expectativa é que se tenha otimização e automatização dos processos, redução de custos, aumentando performance e produtividade. Antes um representante técnico de vendas montava em um cavalo, com uma trena, e ia medir o perímetro de um terreno para fazer um teste de aplicação de determinado produto. Hoje um drone, conectado a um aplicativo, determina o perímetro, informando exatamente a quantidade de metros quadrados, que produto, em que quantidade. Enfim, tudo isso torna o processo mais fácil, mais ágil. No futuro, o que todos querem é exatamente isso: dar facilidade à equipe de vendas, apresentar a solução ao comprador ou distribuidor, dar informação sobre quando o produto será entregue, a logística, a viabilização rápida do crédito. Dar acesso ao pessoal de marketing a uma lista de preços de maneira rápida, precisa, com facilidade de mudanças para promoções e preços especiais. E total interligação com o [departamento de] contas a receber, gerenciando todo o processo. O futuro é a modernização, automatização e otimização, sem perder a agilidade, a transparência e a simplicidade que o agricultor tanto gosta e espera de uma relação, no caso, comercial.

E quais tecnologias mais se destacam no setor de agronegócio?

Bueno: De uma maneira generalista, os sistemas atualmente estão muito inteligentes, muito bem estruturados, como os ERPs, os CRMs, que tem uma ajuda robusta do data analytics, com total convergência com big data, e obviamente apoiados pelos serviços em cloud. Uma boa infraestrutura de TI antes da instalação dos sistemas e uma boa estratégia de implementação podem ser grandes trunfos.

Como mudar o mindset do setor, buscando criar uma cultura de TI renovada, com mais foco no negócio e menos na tecnologia?

Bueno: Primeiro, dificilmente se consegue essa mudança com discurso bem feito ou bela apresentação. Um plano estruturado, alinhado às necessidades e realidades da empresa, deve ser o primeiro passo. Esse plano deve conter um mapeamento da cultura, aliado ao que se necessita, a realidade local. É preciso entender se a empresa quer e está disposta a mudar, pois não é possível passar por uma transformação digital sem mudar o que as pessoas fazem atualmente. Com “Quick Wins” [metodologia de vitórias rápidas] é possível angariar um público que eventualmente esteja esperando novidades e, assim, fazer um momento de próximos passos, apresentando resultados, fertilizando ideias e deixando as pessoas serem as protagonistas. Com isso vamos gerando a confiança.

Qual o seu maior desafio atual de carreira?

Bueno: Atualmente é compartilhar minha experiência e conhecimento em uma empresa que esteja em busca de inovação, criatividade, otimização e automatização de processos. Independentemente dos desafios que todos sabemos que existem, um negócio que queira passar por esse momento de transformação digital com vistas ao crescimento de todos, das pessoas, da melhoria de processos e, consequentemente, dos resultados da empresa.

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Líderes que transformam: Wellington Eustáquio Coelho, CIO da Teksid

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