Reflexões sobre o Coronavírus por Pedro M. Bicego

março 28, 2020
Por Pedro M. Bicego Fomos inesperadamente surpreendidos e forçados ao confinamento em nossos lares. Sorte daqueles que por amarem seus lares, como pássaros que amam seus ninhos, ao serem confinados encontraram um oásis. Um oásis porque cada dia de suas vidas, tijolo por tijolo, mantiveram seus lares harmônicos, amorosos e aconchegantes. Um lugar, que ao […]

Por Pedro M. Bicego

Fomos inesperadamente surpreendidos e forçados ao confinamento em nossos lares.

Sorte daqueles que por amarem seus lares, como pássaros que amam seus ninhos, ao serem confinados encontraram um oásis. Um oásis porque cada dia de suas vidas, tijolo por tijolo, mantiveram seus lares harmônicos, amorosos e aconchegantes. Um lugar, que ao chegar de um dia estafante de trabalho podiam dizer: lar-doce-lar.

E aqueles, por outro lado, que ao serem forçados ao confinamento, se viram e se sentiram numa cela, amordaçados, solitários e invisíveis?

As empresas e instituições, como entidades habituadas a se adaptarem às mudanças constantes da vida capitalista, correram em busca de soluções de colaboração a distância na tentativa de minimizar o impacto deste confinamento forçado. Nunca mais as instituições de ensino serão as mesmas, por descobrirem que o ensino a distância é de fato uma ferramenta eficaz e útil, e seu papel daqui para a frente não será mais negligenciado.

E nós, indivíduos, seres humanos que somos, com nossa comprovada capacidade de adaptação, de resiliência, o que estamos fazendo para nos reinventarmos nesta nova e inesperada realidade?

Nossa sagrada rotina, que para a grande maioria de nós é nosso chão, de repente desapareceu. Nossa visão de futuro fica embaçada e confusa. Somos temporariamente transportados para outra dimensão, que nos deixa extremamente desconfortáveis e inseguros.

Não podemos ir mais à academia. O happy hour com os colegas, as baladas, os encontros não acontecem mais. Todo o glamour das redes sociais com posts de viagens sensacionais, restaurantes maravilhosos, lindas praias, festas incríveis, somem sem aviso.

O coronavirus também mudou repentinamente nossa percepção do tempo. De repente não tenho mais que acordar as 05:00 para tomar meu fretado. De repente tenho mais tempo com meus filhos. Tenho a sensação de estar trabalhando mais em home-office do que trabalhava no escritório.

Por que o tempo magicamente se alarga? Por que estranhamente nos identificamos com relatos de criminosos encarcerados? De alguma forma, estamos encarcerados sim, mas não somos criminosos e tudo isto vai passar. Esta situação é momentânea e todos nós sabemos disto.

Este alargamento do tempo que o coronavirus nos proporcionou também vai acabar, e em breve o tempo vai começar a acelerar de novo, e todos nós conhecemos muito bem o que é viver numa dimensão cujo tempo é implacável, extremamente egoísta, e verdadeiramente não se importa a mínima com você.

O coronavirus colocou este monstro momentaneamente para dormir. Assim temos hoje, o imenso privilégio de ter “tempo” para mudar o nosso mundo.

O mundo que me refiro são estes insignificantes metros quadrados que nos cercam. Insignificantes somente quando comparados ao imenso planeta em que vivemos.

O mundo que me refiro é aquele que podemos tocar com nossas mãos, sentir o calor das lagrimas com nossos dedos. Aquele que podemos conversar, ouvir, sentir o calor humano. Aquele que podemos abraçar, amar e perdoar. Este mundo está um pouco distante das nossas redes sociais, e igualmente distante do nosso individualismo, do nosso egoísmo e da nossa sensação de autossuficiência.

Todos nós, meros mortais, nunca acreditamos que poderíamos algum dia ser alguém capaz de mudar o mundo, a exemplo dos grandes personagens da humanidade que o fizeram, cujos nomes ficarão eternizados pela história, não é mesmo?

Estamos equivocados. Temos hoje o melhor momento para tentarmos.

O que me pede neste momento este meu coração pulsante e angustiado?

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